Um duro golpe em outras mídias, em especial os romances.
Essa decisão foi informada por Jeremy Crawford (rules designer de Dungeons & Dragons) durante as conferências de mídia que antecederam a D&D Live 2021. Crawford aproveitou a ocasião para justificar a decisão:
Parte da decisão é porque não queremos que DMs sintam que é necessário ler determinados romances para mestrar uma campanha. Queremos que você os leia pela diversão, e não como uma “lição de casa”.
Citação de Jeremy Crawford durante a conferência pré-D&D Live 2021.
Crawford foi além, dando um exemplo sobre sua infância:
Eu comecei a jogar Dungeons & Dragons quando era criança, e Dragons of Despair – primeiro módulo de Dragonlance – foi uma das aventuras que mestrei. E ele foi publicado antes dos romances.
Para mim, Dragonlance sempre foi uma história maravilhosa sobre guerras, onde os DMs descreviam suas próprias versões da guerra. E a forma narrada nos romances é apenas uma das versões da guerra. É assim que vemos todos os demais romances de D&D. Mas iremos abordar a ideia de cânone em uma publicação no blog dos desenvolvedores.
Por fim, Crawford resumiu o que pode ser considerado cânone:
Se (determinado assunto/conteúdo/tema) não apareceu em um livro desde 2014, nós não consideramos canônicos para o jogo.
Visto que a marca Dungeons & Dragons quer cada vez mais se tornar uma marca global e transmídia, este é um movimento um tanto quanto confuso. Os jogos Baldur’s Gate 3 e Dark Alliance, o romance de Drizzt do’Urden Starlight Enclave (com lançamento previsto para agosto deste ano) e a nova trilogia de Dragonlance (prevista para o final do primeiro semestre de 2022) são apenas algumas das mídias impactadas.
Os romances serão o tipo de mídia mais afetados pela decisão: Starlight Enclave, por exemplo, irá apresentar duas novas origens para a raça Drow, na tentativa de reduzir o estigma negativo que recai sobre a raça. Com a nova política, essa iniciativa positiva será neutralizada.
Todavia, essa é uma mudança que faz bastante sentido para a Wizards of the Coast: a iniciativa de se tornar uma marca transmídia é realizada, em grande parte, por outras marcas e pessoas. Abaixo, você pode conferir alguns exemplos:
- A linha Young Adventurer’s Guide foi criada pela Ten Speed Press;
- Os livros-jogos da linha Endless Quest foram criados pela Candlewick Entertainment;
- Os romances de Drizzt do’Urden são escritos por R.A Salvatore e publicados pela Harper Voyager (um braço da HarperCollins);
- Os romances de Dragonlance são escritos por Tracy Hickman e Margaret Weis, e publicados pela Dey Rey Books (subsidiária da Penguim Random House);
- Os board games de Dungeons & Dragons são produzidos pelas empresas Gale Force 9 e Wizkids.
- Além de peças de vestuário, acessórios, itens de lifestyle e afins – todas essas iniciativas são realizadas por outras empresas.
Devido a isso, limitar o cânone aos materiais oficiais publicadas pela Wizards of the Coast é uma decisão inteligente, mas bem controversa…
Comentários
Postar um comentário